(...)

"Mas eu não quero ir ter com os loucos", observou Alice.
"Não tens alternativa". Retorquiu o Gato.
"Nós aqui somos todos loucos. Eu sou louco, tu és louca".
"Como é que sabes que eu sou louca?" perguntou Alice.
"Deves ser", disse o Gato, "ou não terias vindo até aqui".

20090308

Bênção ou Maldição? (discussão)


Se é que realmente fomos criados por alguma entidade superiora, então a racionalidade não terá sido apenas uma piada irónica e de mau gosto para evitar que nós, humanos (seres civilizados dotados de inteligência), compreendêssemos aquilo que realmente somos? Não nos terá sido facultado esse “dom” para iludirmos as nossas pequenas mentes com trabalho, modas, família, hierarquias, guerras sem sentido, filosofias sobre a infinidade do universo, física – quântica, a existência (ou não) de “deus” e outros debates e teorias afins, completamente inúteis e a certo ponto frustrantes, que nos explicam a composição dos átomos e dos planetas, mas que não sabem explicar como acontece o “amor” ou qualquer outro sentimento…
Porque rimos? Porque choramos? Porque sentimos saudades? Porque é que criamos deuses, religiões, paraísos e infernos? Porque é que gostamos de outra pessoa?
Porque pensamos sobre estas “coisas”? Porque é que pensamos que pensamos?

>Apesar de saber que este tópico não levará a nenhuma “conclusão” (nem ser este o objectivo deste blog), gostaria através deste “post” criar uma discussão (ou algo que se lhe pareça) relativamente ao facto de a nossa “inteligência” ser uma bênção ou uma maldição.

6 comentários:

Anónimo disse...

Ainda vou pensar sobre o assunto *,P

Victor disse...

É um bom tema para reflectir. Avanço dizendo que tudo o que escreverei será apenas um ponto de vista que não pretende ser universal. Será como que um desabafo.

Começo por afirmar que vou colocar de lado a questão da Entidade Superior; isto porque essa questão é fruto da consciencia dos nossos limites.
Sim, somos limitados. E creio que mais uma vez surge da consciência de que não conseguimos fazer uma série de acções que se mostram impossiveis, ou quase, de acordo com as nossas caracteristicas físicas e mentais.
Mesmo com os sentimentos (caracteristica que na minha opinião "define-nos"; mais do que a razão), não sabemos controla-los na sua totalidade - e se pensar bem nisso, diria que são eles que nos controlam, pelo menos ao nivel da individualidade e espiritualidade.

A humanidade é uma construção da racionalidade. A racionalidade controla, cataloga, identifica; torna a realidade ordenada. Meditando sobre isso, a humanidade é uma criação; um modelo ordenado - contudo, na minha opinião está corrumpida e suja! Não necessáriamente pela razão, mas pela pertinência da verdade universal. Quantos de nós julga-se dono da razão? Aí pergunto também: qual a credibilidade das religiões? Mais ainda: qual a credibilidade do nosso humanismo? Qual a credibilidade da ciência e da técnica?

Compreendemos o que somos de acordo com o modelo racional imposto - repara: temos uma linguagem com uma gramática que se foi desenvolvendo através de regras; essas regras acabam por moldar o nosso pensamento e o nosso discurso - acaba por não ser um discurso livre e identitário; mas antes um discurso limitado, ordenado, e pluralista - todos entendem, mas não conseguem chegar ao abismo de cada um - abismo que está para além da razão, do entendimento e da linguagem.

Os sentimentos é a única coisa que nos resta; aquilo a que nos podemos agarrar autenticamente - creio que é aí que jaz a nossa autenticidade! Constantemente enveredo neles... eles desenham a neblina dos mistérios do cosmos.
Para mim a ciência é meramente descritiva. Explica um ponto de vista. Mas não chega aos mistérios. Para mim, são os mistérios que me movem e me motivam a rasgar um sorriso quando contemplo uma folha a cair ou a devanear, e decifro nela metáforas...

[mais poderia ter dito... gostaria de ler outras opiniões; e parabéns pelo debate - foi este tipo de desenvolvimento que me motivou a criar um blog. Em breve colocarei lá uma discussão - há um tempo que estou para o fazer. Por outro lado, o blog está aberto à participação de quem o quiser.]

Victor Hugo

Unknown disse...

Antes de mais quero agradeçer o teu "devaneio". Que venham muitos mais! Quero tambem pedir desculpa pela resposta atrasada...

Apesar de também eu "pôr de lado essas entidades superioras, é algo que a humanidade em geral não faz... que acredito sim, serem fruto, tal como dizes, das nossas limitações ou talvez seja uma criação humana para tentar perceber a nossa propria origem... (reparei que escreveste "Entidade Superiora" com as iniciais capitais... :P ) Concordo também com os sentimentos serem mais definidores da nossa verdadeira essência, mas também são eles que nos levam a agir de forma descontrolada e gananciosa, que nos tornam na besta social e "civilizada" que somos e que consegue ser o único ser vivo a não conseguir manter um equilibrio com o meio onde vive... quais parasitas.
é quase como no Mito de Rosseau, o problema é ele ter-se esquecido que é o próprio homem que cria essa sociedade que o corrompe... Assim, nós criamos definições e regras para nos controlar, porém, tal como as criamos, assim as destruimos para chegar mais além quando estagnamos, e ter mais poder, dinheiro, etc. (Vejo por exemplo, a propósito de "avançar", a gerra e a arte como os dois principais veios evolucionários da humanidade. A guerra tecnologicamente/cientificamente e a arte intlectualmente, muito proxima de planos do sub-consciente...)
O que me leva outra vez ás Entidades Superioras (criamo-las para julgar as nossas consciências (porque temos medo da Morte) quase sem nos apercebemos que, tal como tudo, a consciência é so mais um conceito humanizado...), mas como isto seria entrar num ciclo vicioso...é melhor parar.
Tal como o que falas da compreençao, foi mais uma criação nossa para atingir o que não percebiamos, porém acabou só por criar por sua vez outro conceito: "normal", levando as pessoas a (tal como Nietzsche dizia, evitar um problema com a menor usagem de intlecto possivel) catalogarem de estranho ou anormal o que nao percebem sem sequer se darem ao "trabalho" de tentar...apesar de tudos esses conceito mudarem e transformarem-se conforme o contexto socio-temporal em que estão inseridos...
(estou-me a perder...:P )
Mas e se a razão nos leva a "caminhos sujos", os sentimentos também nao o farão? Afinal eles não deixam de ser tambem mais uma definiçao humanizada..tal como tudo o que conhecemos e com que lidamos diariamente: o trabalho, a familia, os hobbies, o próprio ensino... tudo isto define-nos e faz com que tenhamos certos modelos de comportamento e pensamento mais facilmente manipulados pela sociedade. O que me leva exatamente ao inicio deste tema, porem com uma abordagem diferente: Então a inteligência nao nos torna únicos... faz apenas com que assimilemos mais facilmente as definições e regras que nos tornam indiferenciados e submissos - "civilizados".
(Fica a ideia...)

Acho que não me apetece continuar... a misantropia apodera-se do meu ser :P por isso até uma proxima,

abraço, Tó Luís

Victor disse...

Antes de mais muito obrigado por teres espreitado o blog; o teu conheci-o pela Catarina - foi ela que indicou. E gosto! Tens uma arte muito interessante.
Em breve publicarei textos meus de poesia e prosa, antigos, mas que gosto.

Quanto ao teu comentário... a misantropia não a acho negativa, mas há que saber tirar proveito disso, ou seja, saber lidar com ela. Cabe a cada um saber como - não gosto, também, de normalizar isso.
Muito poderia ser escrito e dito sobre o teu comentário, e se tiver tempo em breve escreverei.

Mais uma vez obrigado. Sugiro também o blog da Valyria, e do meu amigo Hugo - Tenebrarum!

Já agora, reparei que gostas de Katatonia - talvez de Metal. Sugiro o album dos Löbo... Arrepiante!

Cumprimentos!

A Mãe Filósofa disse...

Também vou deixar aqui a minha hmilde opinião sobre o tema:)
Olhando para a questão de uma pespectiva naturalista e científica penso que a razão é aquilo que nos torna mais fortes e mais fracos em simultâneo.Dentro do ponto de vista da selecção natural somos animais biologicamente fracos, não temos características físicas fortes o suficiente para nos adaptarmos às mudanças naturais, dotados de razão, aquilo nos torna os mais fortes, adpatamos a natureza a nós, criando e transformando a realidade em que vivemos.Se assim não fosse já estaríamos extintos. O problema é que ao construirmos em nosso própro benefício estamos a destruir cada vez mais, porque pensamos individualmente, porque somos egoístas e não conseguimos olhar para o todo, apenas para as partes.Arazão será então o que nos permite sobreviver, é força criadora que destrói, parece realmente paradoxal.A razão existe para comprender, mas também penso que é extremamente redutora, pois não serve como instrumento para compreender os tais mistérios de que nos fala o Victor Hugo, até porque o grande erro humano é tenatr compreender tudo e esquecer-se de sentir ou simplesmente contemplar.Portanto, concordo que razão não chegue para definir a essência humana. A minha autenticidade revela-se no que sinto e eu não sinto o que penso mas pelo contrário penso o que sinto.Explicando melhor, os meus sentimentos não são o reflexo da minha forma de pensar, os meus pensamentos operam sobre o que sinto.Esta é de facto uma questão em que irei pensar até ao fim dos meus dias,mais do que as questões sobre o infinito ou o que está para além da vida. A questão que me assalta todos os dias é esta: porque temos sentimentos, emoções?Porque não são controláveis pela razão? Aquilo que emana de nós é o que mais nos trascende, somos feitos de paradoxos, anatagonismos.

Anónimo disse...

amamos, rimos questionamos, infelizmente tal como tu fizes-te e exposes te aqui,tudo po imitaçao, mesmo aquilo que estou aqui a dizer.. metem nojo, metem , os clones que ai andam , mas entrar no sistema ou n?facilidade ja q nao nos vimos chegar a lado nenhum.. acho que as respostas ja nao vêm daqui , temos realmente de dar o corpo, fisico é disposiçao e ate a alguma dor, q tb n sei como, para chegarmos algum lado .acredita q um dia s ha de vir a saber, mas por agora isso nao cabe na nossa linguagem corrente..Mas olha a vida é bela na mesma, e podermos falar sobre isto tb,visto ate que ha mta gente que "nem perde tempo" para reflectir sobre uma questao tao comum... fracos! talvez se todos falassem chegariamos mais longe, ao menos teriamos mais tempo para nos ouvirmos sem entrarmos logo em repugnancias q nos afastam , como tu dissest num poema , metem me nojo! a mim tb metem, mas olha pessoas como nos é q n devem desistir o resto q sa f***