Brinca distante
Menina pequena,
Teu sorriso fascinante
Já a ninguém lembra.
Vai, pequena, cheia d’encanto
E corre ténue, brinca e canta
Um inocente e floreio canto
Sem qu’um som saia da tua garganta.
Brada em vão menina absorta,
Porqu’é que ninguém te vê?
Bate em vão, porta-a-porta
Nenhuma abre e tu não sabes porque…
Não se apercebeu que s’alterou
Que já não é a mesma…
Todos são estranhos, tudo mudou
E tudo lhe parece fantasma…
Ineficazes “olás” a petiz proclama
Mas ninguém a vê ou acena,
Ela educada não reclama
E segue só, até á próxima viela.
Chama em vão menina absorta,
Porque mais ninguém te vê…
Bate em vão, porta-a-porta
Nenhuma abre e tu não sabes porque…
De paz sereno e cinzento
Jaz (há muito) no seu leito final,
Tão apodrecido quanto quieto,
Seu outrora delicado corpo jovial.
Perambula translúcida
Perant’esta multidão,
Não mais é vivida
Em nenhum coração.
Clama em vão menina morta,
Já mais ninguém te vê.
Bate em vão, porta-a-porta
Nenhuma abre e tu não sabes porque…